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Amarante, Portugal

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“Manhã de Outono”

As pupilas dilataram e despertaram para mais uma linda e fria manhã de Outono…
Facilmente mais bonita e facilmente mais chamativa…
Numa corrida desenfreada de minúsculo encéfalo, que apressadamente enrola os pensamentos agitados e inquietantes, não consegue deixar o que mais o absorve.
O acordar de uma realidade inquietante e desejada percorre todos os pensamentos e não deixa respirar o frágil coração, que insistentemente rejubila a cada minuto que passa.
Sentimos…
Imaginamos…
Cruzamos barreiras nunca antes perceptíveis ao mundo…
Tenebrenta viagem que nos emerge em vidas separadas e juntas, de uma forma que nos afoga e nos puxa para a profundidade cega do desconhecido.
Imensidão de um mundo que não conseguimos abranger e alcançar, mas do qual não conseguimos desligar…
Sentimentos à flor da pele, que anseiam por repetir uma vez mais uma noite de luar…
Desejos de arrependimento de tão pouco, num querer de muito mais…Desejo que cresce com cada som emitido, cada palavra escrita, cada anseio debitado de parte a parte, numa corrida atrevida que não conseguimos cessar!
Esquecendo tudo aquilo que nos rodeia e tudo o que representamos para os outros, ousamos desejarmo-nos, mais que alguma vez podíamos…
Calcamos lava incandescente debaixo de nossos pés, que nos incendeia os corpos e nos rebate para a imaginação de muito mais…
A apresentação que devia ter terminado ou simplesmente acalmado a flama que nos queimava, simplesmente conseguiu estimular ainda mais o ardor, para provocar uma verdadeira erupção, que ambos sabemos que não há forma de findar.
A realidade diz-nos que tem de terminar aqui e ambos acatamos as consequências.

CM
Novembro 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

“Todos os dias”

Por mais que a vida me afogueie e me diga que não é esse o caminho, que não devo ser tão cândida e tão milagrosamente sincera… Eu insistentemente continuo a ser imaculadamente ignóbil e estulta!

Muitas vezes somos toldados de um nevoeiro que nos cega e nos impede de ver com quem realmente lidamos… A verdade é que nunca conhecemos verdadeiramente uma pessoa, daí a busca incessante desse conhecimento, que nos motiva e nos faz almejar por mais …
É essa busca continuada, que tanto bem nos pode fazer e tão livremente nos faz sonhar, como de repente nos lança num buraco tão profundo, que não conseguimos enxergar o fundo. É assim que aquele ou aquela que idealizamos e tão docemente construímos se desmorona, destruindo sonhos, desejos, anseios e tudo de bom, que numa curta paragem no tempo conseguimos construir.
Somos acordados para uma visão negra e deprimente, que nos corrói o corpo e a alma como um gélido metal que penetra leve e docemente cada entranha dele próprio!
Somos lançados no enregeladíssimo pátio do desalento e da tristeza, abandonado sob um espesso líquido rubro, que escorre naquele espaço vigente e sombrio, próprio de quem está novamente só…
As batidas da calçada do vazio entranhando e ecoando na profundidade de uma cabeça tão ingénua e tão docemente frágil, fazem-se a ouvir a cada milésimo de segundo que friamente somos ignorados/as.
Somos simples transeuntes que acordamos todos os dias ,
Que pisamos o chão todos os dias,
Que comemos todos os dias,
Que bebemos todos os dias,
Que respiramos todos os dias,
Que enfrentamos o mundo, pelo simples facto de viver…
È nesse ideal conjunto de vida de todos nós, que tentamos procurar as diferenças, no que nos torna diferentes dos outros e o que faz com que nos sintamos envolvidos ou identificados com alguém.
Quando somos capazes de encontrar algo parecido, devemos parar e reflectir… Afinal se apareceu no nosso destino alguma razão há-de ter.

É nesta forma de ver o mundo que te vejo. Embora nesta altura não consiga explicar o porquê, tenho a certeza que surgiste para fazer parte da minha vida, não no meu presente, mas sim no meu futuro!

CM
Novembro 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

“Amanhã é outro dia”

Uma noite de luar que ofusca a paisagem e nos acolhe como sua, numa eternidade que consideramos esquecida no tempo… Fazemos parte da lua, a lua faz parte do mundo e o mundo ali é só nosso… Nada mais nos perturba, nada mais nos cativa, no silêncio ensurdecedor que se faz ouvir, no reflexo do teu espelho que nos absorve só a nós.
Espelho de água, que vislumbras no calor gélido da noite, a passagem de dois seres enfeitiçados por uma noite de luar. No aconchego de um espaço, devorando palavras de preceito, saboreamos os rostos, atitudes e deleites de cada um. Num doce e suave olhar de felino observas cada espaço, cada gesto, cada movimento que faço… Que desejas?
Numa vontade inevitável, de um vício maior sou transportada para um perigoso espaço. Tão perigoso e tão despercebido para nós, que não temos consciência do acabamos de fazer. Com uma naturalidade que nos transcende, acedemos a tudo que nos questionamos.
Terrivelmente, como fervorosas facadas que perfuram nossos corpos com um metal frio e pungente, as badaladas do tempo soam aos nossos ouvidos, dilacerando a réstia esperança que transportávamos de que fosse intemporal.
Ainda com mais delicadeza e indiferença da que, quando nos vimos, deixas-me partir, com a sensação de distúrbio no que efectivamente aconteceu…
De volta, numa noite ainda mais negra e toldada, viajo naquela negra faixa que me encaminha até casa.
Não conseguindo com que me esqueça da melodia da tua voz, que insiste em ecoar na minha cabeça…
Não conseguindo com que me esqueça da delicadeza da tua pele, que senti por breves instantes, quando inocente e inconscientemente te toquei…
Não conseguindo com que me esqueça do teu olhar de …
Os anseios vividos e sentidos em cada poro do meu corpo parecem dilatar a cada pensamento emergido, ao invés de sucumbir, com a confrontação do conhecimento.
Subitamente, acordo no silêncio do meu quarto, na consciência do sonho…
Inesperadamente alguém me pergunta se cheguei bem!?...

Queres saber mais? Amanha é outro dia… Quem sabe!

CM
Novembro 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“Amanha conto-te o resto”

No limiar de conhecer o que já irrealmente conheço e tão irremediavelmente adoro, desperto as pupilas que não se fecham há dias no ensejo incandescente desse conhecimento.
A ténue neblina da manhã, esconde o morto despertar de uma manhã calma e afagada de Outono. O doce cheiro a orvalho pela manhã estimula a fina cútis que cobre cada pedacinho do meu corpo, elevando os pensamentos para o que me espera.
As dolorosas horas do dia parecem intermináveis para a busca de uma tão almejada noite.
A ansiedade e o aperto no estômago, como uma criança que tem medo do primeiro dia de escola são cada vez mais patentes a cada milésimo de segundo que passa, a cada pulsação, a cada bater do coração…
Embrenhada já na escura e tenebrosa noite que se abate, não consigo deixar de pensar como a mesma pode vir a terminar. A escuridão e precipício que se abate á minha volta torna-se indiferente perante um desconhecido maior.
O rolar dos rolamentos robustos no alcatrão negro e sombrio daquele caminho, tornam-se sons estridentes no aproximar do fim…
Já não consigo controlar o flagício que me absorve perante o que me aguarda. A aproximação e conhecimento são inevitáveis, já não há como retroceder.
O que tanto cobiçamos finalmente aconteceu… Os nossos corpos, cheiros, olhares e toques trocaram-se e depararam-se. A doce e gélida brisa transpôs-nos os rostos e levou-nos com ela numa subtileza pacífica, numa naturalidade assustadora de conhecimento profundo e alegria desmedida.
O traçado de cada minuto era um gracejo de ambos, com a empatia causada, e o aperceber de que cada palavra antes trocada tinha razão de ser…
A profundidade da noite e a envolvência de tudo, adoçava ainda mais a magnificência daquele ensejo. Esquecendo-me da aragem que enregelava o meu corpo, perdi-me por muitos momentos no teu doce e felino olhar, de uma forma avassaladora de um puro desejo que me queimava cada víscera do meu ser, não conseguindo deixar de beber cada palavra, cada gesto, cada som, que tão deliciosamente debitavas.
A profundidade do momento não me conseguia deixar ver a nitidez dos teus desejos e dos teus anseios. Loucura de uma selvajaria nos doces olhares de felino…
A relevância de uma coisa que mal conhecemos é difícil de explicar e de se perceber, muitas vezes causadores de paragens que não pretendemos na realidade.
A dura realidade de fim de tempo aproximava-se a cada segundo e a dificuldade de ir embora era cada vez maior…
O respirar de cada palavra, o desejo ardente de mais e o tórrido olhar de felino encriptava-me ainda mais…

Amanhã conto-te o resto…

CM
Novembro 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Linda"

Envolta na neblina da noite negra que se abate no horizonte, segues-me e guias-me em mais uma caminhada angustiante e tenebrosa que faço até ao meu cubículo, ao qual tenho a vesânia e respeito de chamar casa.
Imersa numa profundidade de luz sobre o negro das trevas, encandeias as pequenas órbitas cintilantes que brilham no reflexo da tua luz.
Hipnotiza-as e fá-las estimular para um mundo absorvido pelo pensamento de um transeunte que insiste em sonhar que há estrelas no mar e água no céu…
Atenta a cada passo meu, não descolas desse painel pintado no céu, fazendo lembrar uma verdadeira tela saída do imaginário infindável de um qualquer artista.
O cerração que te envolve, torna-te maior e com poder de conseguir alcançar tudo o que te rodeia. A neblina torna-te mais misteriosa e intrigante a quem ousa olhar-te. Parece que inocentemente a rasgas por dentro, entranhando nas suas vísceras o poder da tua luz que imerge através dela.
Farrapos que caem em mim e se colam no meu corpo e derretem como ácido, que se vai infiltrando na epiderme a cada segundo que passa. A pele fervilha e derrete perante tal toque, que se sente impotente com tamanha grandiosidade. Sem conseguir evitar o ácido que fere e corrói o corpo, deixo-me ir…
A luz é cada vez mais intensa e a escuridão que te envolve é cada vez mais dúbia. A negra neblina da noite parece a cada segundo que cessa, mais presente. Sem vontade de lutar, as pequenas células que ainda respiram, são puxadas para a cegueira de tamanha luminosidade.
Com o corpo quase trespassado pelos farrapos e numa forma de subjugação submeto-me a ti, cansada, exausta e vencida, por tamanha impetuosidade … levas-me contigo, mártir da noite, vilão da escuridão.
Tempo depois, ainda existem gotas de sangue que escorrem ali naquele local, onde o meu corpo ficou mórbido e imóvel, sob os pingos da chuva que faz com que esse alimento se espalhe naquela terra infértil, sedenta de apetite…O meu sangue é um deleite para tamanha fome…
Negra neblina da noite que me libertaste e me levaste contigo, apaga esses vestígios visíveis a quem os consegue ver.
Como aço gélido que queima a quem ousa olhá-la desaparece inexplicavelmente, e eu com ela!

CM
Novembro 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

“Vida”

A vida é uma passagem tão curta, quanto queiramos que ela seja.
O movimento dos corpos, a neblina da manhã, o aprazível da natureza, o sabor da água salgada do mar, o frio e o calor que se infiltra em nós e o simples respirar, faz com nos sintamos vivos. Será isso mesmo, a vida? Sentirmo-nos vivos?
Acordamos de manhã com o toque da luz em nossos olhos, tocados pelo calor de alguém que gostamos ou pelo menos gostaríamos de ser tocados, ou ter simplesmente esse alguém…
Caminhamos como transeuntes robóticos, depois desse despertar, numa monotonia diária que aborrece alguns e enfatiza outros, mas agrada a maioria! Falamos, discutimos, comemos, bebemos, andamos, beijamos, respiramos…
O cair da luz traz-nos novamente mais uma serenidade de vida normal e de passagem no planeta que habitamos…
Caímos num escuro que nos silencia e nos apaga a memória por breves horas.
Porque não acordar efervescentes pelo desejo de querer ter…? Absorvidos pelo odor, pelo toque numa selvajaria louca de possuir aquele corpo que nos enlouquece e aquela alma que nos apaixona.
Falar, sentir, querer, ter tudo aquilo almejamos e necessitamos seria uma forma bem mais simples de viver o longo dia e a silenciosa noite!
Como se de um sonho se tratasse, a ténue manhã é acordada pelo sussurro naquele planalto desmedido, que a estimula novamente para a vida, dando-lhe mais um sopro de energia, cravado no corpo, para o túnel que se avizinha. Os raios e sussurros vão percorrendo o planalto, recarregando energias no seu íntimo, electrocutando cada fino fio da epiderme, fazendo emitir sensações desmedidas. É tão difícil o acordar…
O dia torna-se numa angústia incinerante, que corrói o corpo de desejo de usufruir dos estímulos, reacções e anseios que nele se manifestam pela lonjura do seu olhar e da sua presença, sem conseguir satisfazer tudo aquilo que o sufoca e o devora até as mais minuciosas vísceras.
O gelo que este fogo proporciona invade um mundo de fantasia e sem que se aperceba, volta a acordar. A dura realidade da vida tão curta como queiramos que ela seja!

CM
Outubro 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“Mundo Irreal”

Guerra desmedida, luta sem fim, que juntos enfrentamos em mundos irreais, num único mundo. Espadas afiadas, lanças de grande alcance, cavalgando na busca do desconhecido, em direcção à vitória, perante os nossos olhos.
Compromisso e honra que nos une, no imaginário que criamos e com o qual nos identificamos. Identificação essa que chega a doer… Doi de forma doce e penetrante, como insígnias que espetam no coração e fazem dilatar, palpitar e despertar, numa ânsia terrível demais. É um desejo tão profundo de querer levar aquele prazer ao clímax… É uma busca desesperada de sentir, de chegar, de ter e possuir num desejo desenfreado…
Subtileza de palavras e esquemas impossíveis de realizar, são aquilo que vamos projectando, num mundo só nosso, que ninguém consegue alcançar com a inteligência que nos absorve e consome as entranhas e nos pede mais, quando sabemos que é proibido.
Torneámos os instintos como podemos e sabemos, conseguindo desta forma suster um anseio cada vez maior em unificar uma coisa que desconhecemos realmente.
Afastamos palavras e unimos desejos, num mistério que nos envolve e que nos leva para além da imaginação.
Acordados novamente para a guerra, vamos tentando planear estratégias e investidas nos inimigos que nos rodeiam. São implacáveis e não nos deixam viajar no surreal que criamos à parte de um mundo de sangue que jorra para todo o lado. Impávidos ao que se passa, embarcamos noutro barco, que nos afasta e nos une, onde passamos invisíveis a quem nos vê.
Atentos a cada palavra escrita, a cada gesto imaginado, no descrever das letras, focamos e invocamos no outro aquilo que outros não nos deixam ser. Perdidos e absortos do que nos circunda, percorremos cada pormenor um do outro, na face da nossa fantasia, sempre na demanda de mais.
Desejo ardente que invade cada centímetro dos nossos corpos e pensamentos, cada vez mais tórrido e insuportável de conter nas palavras… Até onde iremos chegar!!?..
CM
Outubro 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

“Tacteando em volta da vida”

Sozinha na noite, tacteando em volta da vida, persisto em fazer tocar uma música esquecida no tempo.
Pequenos acordes que com subtileza me fazem caminhar, ouvem-se no ar… Num som extremamente subtil, deixando transparecer toda a sua essência, que incendeia quem os saiba ouvir…
Imperceptível a uns, mas muito clarificadora para outros, assim é o caminho para o qual nos guia.
Abandonada, perdida e esquecida do mundo, absorvida por ela, esperando que me receba, me envolva e me faça despertar para aquilo que o meu pequeno encéfalo obscuro insiste em não me dar a conhecer, estou sozinha na noite.
A atmosfera envolvente encontra-se nitidamente debaixo de uma escuridão patente e avassaladora, que afoga tudo em seu redor.
Com pequenos e finos gestos o meu corpo tenta encontrar algo na cegueira que me encontro. O vazio parece não ter fim, o abismo parece que está em todo o lado para que me viro. A profundidade deste negrume é de tal forma penetrante que o meu corpo sente-se atraído por ela, como uma maldição se tratasse.
Sinto-me observada por olhos obscuros da noite que me dominam e me guiam para satisfazer os seus desejos mais profundos e sombrios. A aragem ácida que me esfarrapa a face faz-me adivinhar que estão próximos, prontos a devorarem-me pedaços de carne.
Na minha obsolência ignoro tal dureza e limito-me a viver.


CM
Setembro 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

Quatro, um, três, três, três, nove, quatro

Somados, subtraídos, multiplicados ou divididos, são matemática pura…

Somados, subtraídos, multiplicados ou divididos, são fórmulas científicas, que nos dão soluções a equações para além do palpável.

Numa soma arrebatada de sentimentos à flor da pele, com um desejo imenso de te conhecer e de ter, fico paralisada, na ânsia de ter coragem de multiplicar esse sentimento.

Limitada ao medo e cobardia, numa soma subtraída, vou alimentando este desejo ofegante, que trespassa todo o meu corpo como facas afiadas, prontas a cortar cada bocadinho de mim, que não consigo controlar.

Divisão de pensamentos é tudo o que faço, numa tentativa de racionalizar o certo como forma de viver.

Desejo de estar, ver, ter e possuir tudo aquilo que não posso desfrutar, torna-se numa angustia desesperada de desejo que não consigo esquecer e expulsar, torna-se impossível de evitar…

A vida é mesmo uma série de números trocados, jogados ao acaso, devidamente ordenados!

Mais ou menos Cinco!

CM

Julho 2009



P.S : "O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos."

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"Bicho do Rio"

Ser imaculadamente pequeno, de aparência extremamente desengraçada, que salpicas a água como a tua casa. Vida supérflua num saltitar irritante que fazes ter inveja de esse líquido abraçares com tamanha afoiteza que outros bem maiores não são capazes.Som estridente, esse teu gemido, perdido no meio do nada, faz ecoar o pequeno grande fio de água que se estende em teu redor.
As águas estão calmas, como se adormecidas, prontas a eclodir numa tempestade assombrosa. Docemente me envolves numa atmosfera cativante de serenidade e afecto que me transportam para além da realidade.
Brilho translúcido que iluminas os meus pensamentos, que mais uma vez parecem ser tudo aquilo que sou… Subitamente uma forte picada vinda não sei muito bem de onde, infringiu-se na minha pele e percorreu todo o meu corpo com uma dor insuportável. Foste tu, pequeno ser insignificante? Não, um aliado teu que ali passava, de múltiplas patas, que pretende esvair as últimas gotas de sangue que tenho. Parecem pequenos vampiros, famintos e sedentos de líquido. O fio da sua casa, já parece não ser suficiente para tamanho apetite.
Num pequeno borbulhar da água, apercebo-me que não estou sozinha, alguém perturba a minha paz e placitude. Numa inopinada batida, ouço o som de um isco, seguida de uma cana, que alguém suporta…
Alheio a tudo o resto, aí contínuas tu, saltitando… E a água continua adormecida… Parece que afinal nada consegue a acordar deste sono profundo…

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CM

Mas porquê?
Fui muito longe, onde nunca imaginei ir...
Afoguei-me em lágrimas de água salgada,
Vi coisas, que não queria ver,
E outras que sonhei ver!
Procurei-te em todo o lado,
E por momentos pensei ver-te,
Acabei por me perder!
No meu sono cobarde,
Sinto um ódio demente, a fervilhar …
Por ser aquilo que sou,
E, pelos estragos que provoco!
De que valeu afinal?
Quebrar cristais que não me pertencem,
Dilacerar corações que não são meus…
Despertar feridas cicatrizadas…
Vil, assim sou…
Neste sono profundo,
Sofro esta corrosão de sentimentos,
Que persistem em lacerar,
Os canais rubros
Que alimentam o coração.
Porquê?

CM
Maio de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Uma viagem diferente"

Linda,
Linda, como a noite que te envolve…
A linda noite, não é mais que uma infinita escuridão sem a tua presença…
Irradiante e hipnotizante como há muito não te via…
A tua presença no meu caminho, emerge-me num furacão de pensamentos turbos, inexplicáveis, confusos, que não me deixam a mente vazia.
Numa tempestade que me absorve, sigo-te hipnotizada, tentando procurar no ínfimo do teu ser uma resposta para as minhas dúvidas.O som estridente que imana daquele pequeno aparelho electrónico ajuda-me a envolver nessa atmosfera de luar.
Tudo corre a mil, num encéfalo minúsculo, do qual se pede descanso…
Do qual se pede uma decisão…
Será que somos capazes de esquecer e fazer tudo por amor? Ou será que somos animais de tal forma irracionais e frios que não somos capazes de dar voz ao coração? E assim envergar numa luta sangrenta, que nos arrebata o corpo por dentro numa angústia insuportável, como num último suspiro de vida!?
Afinal não é o bater do coração que nos mantém vivos? Não deveríamos tomar decisões em favor dele? Dar-lhe alegria de viver e bater, tratá-lo bem e ajudá-lo para que cada dia que passe seja melhor!?
Não, somos de tal forma egoístas, egocêntricos, que só pensamos em satisfazer o nosso ego!
Imune a tudo o que me perturba, aí estas tu mais bela que nunca!
Linda,
Bela,
Linda,…
Como gostaria de poder ter a calma e paz de espírito que transmites…
Bela,…
Linda,…

CM
Março de 2009

sábado, 24 de janeiro de 2009

"Mais um dia"

Mais um dia que nasceu …
Mais uma barreira a ultrapassar,
Mais um tormento a suportar…
É com essa certeza, que acordo mais uma vez na esperança tórrida de voltar a dormir e poder esquecer novamente… Mas a evidência da luz do dia não permite que isso aconteça e obriga-me a caminhar na direcção do acordar.
Os meus olhos vidrados, não por pingos da chuva ou pelas gotas do orvalho, abrem-se uma vez mais para enfrentar o dia, feridos pelos cortes que fazem espessas lágrimas correr e se misturar com o solo que piso.
Surpreendentemente, algo me estimula o corpo…
Num doce e venenoso olhar consigo vislumbrar um fino e delicado desejo no ar, algo que me desperta a mente e o corpo e me faz viver!
Numa forma única de ser, desperta em mim sentimentos que não consigo desvendar… num secretismo que me fascina e numa sabedoria que me conquista, consegue penetrar no mais ínfimo obscuro do que sou e iluminar a escuridão que me avassala.
Estranho ser que se esconde e que não consigo compreender, que me mantém curiosa e me desperta uma ansiedade que não consigo controlar para poder ver e sentir, a cada minuto que passa.
O corpo sente e a alma reflecte o brilho do teu olhar e o segregar do teu ser, e imana em mim uma necessidade fugaz de te encontrar.
Estranho caminho que percorro,
Infinito e obscuro, não sei onde me levas,
Mas sinto-me bem com o desconhecido…


CM
Janeiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Um Último Suspiro

No limiar de um abismo, pendente numa fronteira sem final, encontra-se uma alma perdida, na entrada do inferno.
Fogo incandescente que derrete a pele, numa insensibilidade transparente e que consome tudo à sua passagem. É este elemento da natureza que possui uma força devastadora, que é capaz de desmoronar uma vida. Vida essa, agora, miserável e insignificante, que não dá a si razões para respirar.
Coração que bate, na dificuldade que tem em continuar a manter este corpo morto, vivo!
Estilhaçado por punhais de um frio metal, que queima à sua passagem, envolve-se na guerra sangrenta de querer morrer.
Lutando por uma vida que não é sua, sente que o lema da morte é o paraíso da sua existência. Numa imensidão negra de obstáculos da vida, prepara-se para o seu fim.
Por entre túmulos e sarcófago, mumifica-se do mundo.
Enclausurada naquele espaço fechado, não vê e não quer ver a ressurreição da vida. Ainda com o corpo marcado, com cicatrizes profundas e inalteráveis, ali permanece estática à espera de um último suspiro.
Rios de sangue correm numa face, árdua e vulnerável, sem se conseguir esconder. O sofrimento infiltrado nas entranhas do corpo dilacera tudo no seu interior, a dor apodera-se de tudo e torna-se uma anestesia para a vida.
É com essa anestesia que os dias passam e andam, vão e vêm, num ciclo que não termina, e numa vida que insiste em continuar a respirar!
Num caminho de óleo queimado, ainda quente da sua combustão, o morto corpo caminha, na busca de um último suspiro!

CM
Janeiro 2008

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