Acerca de mim

Amarante, Portugal

segunda-feira, 21 de abril de 2008

"A Luz do teu Olhar"

Percorrendo a luz do teu olhar, perco-me na plenitude do teu ser!
Brilho penetrante que incide em mim e me trespassa com um desejo insaciável, me aquece e me vigora…
Orlas douradas, que giram no entrelaçar dos nossos corações e nos amarram nos sonhos, como alianças do dia que nos prendem na busca de uma lealdade difícil.
Olhas… e deixas-me olhar…
Cobras…e deixas-me cobrar…
Pedes… e deixas-me pedir…
Entras… e deixas-me entrar…
Sofres, mas não deixas sofrer…
Doce luz que deixas invadir, mas não permites que saia… Prende-la entre vitrais gelidamente aquecidos e devorados por obscuros mistérios!
Escondido à frente, mostrando o que não é, o teu corpo entrega-se e caminha na procura do que não conhece …
Mas, subitamente a tua mente retrai-se e analisa o percurso…
Pequenos murmúrios de paragem surgem na brisa ensurdecedora.
Brisa árida que esbate no rosto, e corta no coração fogaças de pequenos cristais irradiados pelo fogo da paixão…
Tornas a entrar, e o calor do corpo adormecido pela anestesia da mente, expande-se e abraça tudo em volta…
Perde-se na busca de um desejo irremediável e inatingível, devassado pelos picos de um mundo em volta, e por tudo aquilo que a sociedade desperta.
Contudo, a luz do teu olhar não perde força, revigora-se e volta a incidir.
Vejo-te, quero-te e desejo-te…
Tens-me, adoras-me e amas-me … Escondido à frente, mostrando o que não é…
Mas, por entre o arvoredo obscuro da mente, eu …
Vi-te…
Olhei-te…
Desejei-te…
E tive-te… por breves e venenosos instantes…
Raios incandescentes imanaram naquele lugar…
Numa timidez, que me avassalou e derrotou por completo, afastas-te e emergiste num outro mundo.
Perdi a luz do teu olhar e tu mostraste o que não és…


CM

Abril de 2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

"A doce brisa da Primavera"

Invadida pelo simples olhar, olhando no profundo dos teus olhos, consegui enxergar o brilho do teu ser…
Resplandeceu tudo em seu redor, penetrou com pudor todo o meu ser, invadiu todos os meus sentidos, venceu todas as minhas barreiras e transpôs tudo o que pôde transpor… surgiste irradiado pela transparência do olhar.
O doce olhar de teus olhos, marcado no tempo, ficou como suspenso na eternidade dos sonhos… A profundeza dos pensamentos ultrapassou o infinito do universo e espalhou segredos surdos e mudos, incapazes de se emergirem no desmedido oceano.
A brisa suave de uma manhã de Primavera, esbate no meu rosto o murmúrio das tuas doces promessas e o suspiro dos teus desejos.
São gotas de orvalho cristalinas, translúcidas, que brotam da emancipação da Primavera, que arrebatam com gemidos tudo o que o ser humano acolhe como corpo… Corpo esse, desnudado pelos teus olhos que incidem num profundo de infinito… É intenso e transparente o teu ser e a tua essência. Se o espelho reflectisse a tua realidade, o mundo surpreender-se-ia com o oculto da tua existência.
O espelho esconde afinal, o reflexo de tudo o que todos conhecem e não vêm, imortaliza em segredo o gotejar sabedor de quem desperta o inatingível…
Rendida, reflicto imagens nesse espelho, esperando sempre conseguir trespassá-lo de uma forma inacessível, pela busca do infinito.
Entro e saio … Desejo profundo e incontrolável…que me invade o corpo e a razão de forma incandescente e tórrida, que arrebata o espírito.
Brisa ardente que magnetizas tudo em meu redor…prende-me no teu olhar!
É possível? Talvez num longínquo tempo o saberei…



CM

Março 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

“Direito de voltar a viver”


Enclausurada por gélidas paredes, entorpecidas pelo gotejar de escorregadias bolhas de condensação, fica ela acanhada no seu canto, sem conseguir vislumbrar a luz do dia e sem conseguir movimentar as articulações do seu corpo.
O odor transparecido pelo vazio da humidade seca daquele local é inalado nas suas narinas e sugados pelos poros sedentos e mutilados pela fome. Queimada pelo frio inveterado nos planos perpendiculares lisos, cortados pelo obscuro da sombra cruzada entre eles, solta gemidos de uma perfuração impávida, de uma nova mutilação.
Com o corpo pregado ao chão infecundo, tenta soltar um murmúrio no silêncio lancinante da noite… Desgastada e esvaída em sangue pelas picadas das lombrigas que lhe espetam as suas afiadas espadas nas vísceras, não se consegue fazer ouvir, no túnel tenebroso e sem fim à vista, com perfis metálicos que lhe travam a entrada.
Subitamente rebola uma aragem que gela tudo o que ainda respira naquele local esquecido, perdido e estropiado pelo tempo. A névoa que surge dos seus lábios enegrecidos pelo frio, transparece um suspiro de vida, que insistentemente persiste em lutar contra a pele rasgada pela brisa árida e o corpo picado pelos “vampiros da clausura” que se deliciam em beber aquele fluido dos deuses, como se de um manjar se tratasse…
Cansada, sem forças e disposta a dar de si, visualiza uma sombra que lhe ofusca a escuridão do infinito vazio… Deslustrada pela intempérie que se lhe abateu não consegue alcançar com o olhar o inicio da sombra, não consegue ver, um clarão ofusca-lhe a vista…
O brilho daquela luz é tão intenso…e insiste incansavelmente chamar por ela, para o fim da criação da vida. O sofrimento que era imposto no seu corpo inopinadamente extinguiu-se e os movimentos voltaram. Estranho fenómeno difícil de aceitar! A medo recua e reclama o direito de voltar a viver!
Vê-se novamente encharcada em sangue e embrulhada numa dor que lhe consome o corpo…


CM

Abril 2008


“Pingas no Exterior”


Resvalada pela profundidade do corte que se abate no infinito escuro, viajo imprecisa pela memória do tempo. Setas flamejantes que me penetram a mente e me fustigam o pensamento.
Pinga no exterior…
Galhos e pontos obstruem o seu infinito deslizar no negrume do asfalto…

…No difícil caminhar do corpo, as palavras tímidas trespassadas no interior fechado da paisagem saem mudas, ofuscadas pela presença do teu olhar que invade o meu mais obscuro ser.
Hoje vês, e devoras-me…
Hoje ouves, e mutilas-me…
Hoje sentes, e penetras-me…
Amanhã abstrais-te, e consomes-me…
Só…
…Amálgama nos fios de linho vermelho que me trespassam a pele, pingam gotas de doce veneno ímpio… Saltitam no chão e resvalam-se perdidas na corrente de lava espessa e infernal, para que não sejam apanhadas, descobertas e sentidas.
No desejo de chegar e sair continuas a decepar-me a memória, na demanda do querer, do sentir e do saber…

Pinga com mais intensidade, o caminho torna-se cada vez mais difícil…

… As orbitas do dia continuam a esmagar o negro do desconhecido, calejadas pela dureza das facadas onde jorram esguichos de matéria quente, que incendeia as antefaces que insistem em não cair.
Presa na idolatração da pintura, sou absorvida pelo teu olhar de ansiedade fugaz que me faz perder na natureza morta, enfeitada por espinhos de rosas vermelhas, segregadas, que brotam um desejo inalcançável de te possuir.

Chamada à realidade… as pingas tornam-se agora espessas gotas que se abatem diante de mim, lembrando intempéries, na descoberta de uma alvorada próxima!

…O efeito de transparência emitido pela escuridão da noite traz os pensamentos e desejos mais obscuros entranhados na pele e que emanam nos poros como se de uma maré a emergir se tratasse.

A espuma esbatida no teu corpo transmite o desejo entranhado nas tuas vísceras e na tua mente.
A noite é o meu dia, sempre escondida pelo nascer de uma nova alvorada.
O dia é o meu chão, que se resvala num mar vermelho sem fim à vista onde a espuma esmaecida que cola em nós nos chama e nos afasta. Finos incrementos pintados no corpo e no espírito, como pequenas gotículas de veneno que se espalham e nos devassam as entranhas.
Dilacerado pelo trépido e cortante olhar que me solda a alma a este eterno e profano pensamento, o meu corpo inepto transforma-se e manifesta-se em inquietantes línguas de fogo. Adormecida pela traição da mente, estalidos estridentes num som metálico e gélido renascem quentes no eco da escuridão que se abate na cortina fechada de todo o corpo.
Salpicam e rebatem pequenos cristais derretidos pelo nascer da alvorada, que escorrem no gume da navalha, que delicada e docemente se afia no teu pescoço, onde traça singelamente riscos vermelhos escorridos e molhados pelo orvalho de um liquido viscoso, pingando na tela a pintura do teu coração.

Os pingos terminaram…
A tempestade abateceu-se… Mas o roncar silenciou e as luzes apagaram-se!
A viagem terminou.

CM

Abril de 2008

terça-feira, 1 de abril de 2008

"Sem rumo…"


Sozinha…
Percorrendo caminhos tormentosos, vagos, sem ideias, sem afinidades…
Tudo se desliga, tudo se afasta, foges… E eu deixo-te ir, perdida numa floresta de novas percussões da qual não se avizinha o fim…
Não me apercebo…
Não me admiro…
Simplesmente… não quero saber…é-me indiferente!
Os rumos separam-se e sinto que cada vez estou mais além, num outro sentido, numa outra dimensão, da qual não fazes parte ou não queres fazer…
Porquê?
Estou a ser cruel, a minha mente não está sã, tudo se pode e consegue desmoronar em tão pouco tempo … Talvez não seja pouco tempo… Talvez esteja simplesmente a acordar para o brilho de viver.
Não estás e eu não sinto falta, o meu ser não se dilacera como antes de fogosas saudades.
Peço aos seres escondidos na vastidão do espaço, que te iluminem, para que eu te consiga vislumbrar, mas mesmo assim a minha mente sofre, num constante reboliço, transforma-se… É algo que me diverte, apetece mais, é uma sensação profana e infernal…
Desculpa…
Voltei a despertar, acordei…
De tudo o que estava adormecido, como se de um sedativo se tratasse…
É um vício incessante que bebo incansavelmente com desejo ofuscante, sem nunca conseguir satisfazer…
Sou trespassada por ideias, pensamentos, tudo o que numa mente pode haver de bom e mau, em conjunto… É como se o gotejar desta luz resplandecente me iluminasse por completo…
Descobri …
Tão perto e tão longe…
Afinal era só isso….


CM

Fevereiro 2008

Seguidores

Pesquisar neste blogue