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Amarante, Portugal

domingo, 25 de outubro de 2009

“Vida”

A vida é uma passagem tão curta, quanto queiramos que ela seja.
O movimento dos corpos, a neblina da manhã, o aprazível da natureza, o sabor da água salgada do mar, o frio e o calor que se infiltra em nós e o simples respirar, faz com nos sintamos vivos. Será isso mesmo, a vida? Sentirmo-nos vivos?
Acordamos de manhã com o toque da luz em nossos olhos, tocados pelo calor de alguém que gostamos ou pelo menos gostaríamos de ser tocados, ou ter simplesmente esse alguém…
Caminhamos como transeuntes robóticos, depois desse despertar, numa monotonia diária que aborrece alguns e enfatiza outros, mas agrada a maioria! Falamos, discutimos, comemos, bebemos, andamos, beijamos, respiramos…
O cair da luz traz-nos novamente mais uma serenidade de vida normal e de passagem no planeta que habitamos…
Caímos num escuro que nos silencia e nos apaga a memória por breves horas.
Porque não acordar efervescentes pelo desejo de querer ter…? Absorvidos pelo odor, pelo toque numa selvajaria louca de possuir aquele corpo que nos enlouquece e aquela alma que nos apaixona.
Falar, sentir, querer, ter tudo aquilo almejamos e necessitamos seria uma forma bem mais simples de viver o longo dia e a silenciosa noite!
Como se de um sonho se tratasse, a ténue manhã é acordada pelo sussurro naquele planalto desmedido, que a estimula novamente para a vida, dando-lhe mais um sopro de energia, cravado no corpo, para o túnel que se avizinha. Os raios e sussurros vão percorrendo o planalto, recarregando energias no seu íntimo, electrocutando cada fino fio da epiderme, fazendo emitir sensações desmedidas. É tão difícil o acordar…
O dia torna-se numa angústia incinerante, que corrói o corpo de desejo de usufruir dos estímulos, reacções e anseios que nele se manifestam pela lonjura do seu olhar e da sua presença, sem conseguir satisfazer tudo aquilo que o sufoca e o devora até as mais minuciosas vísceras.
O gelo que este fogo proporciona invade um mundo de fantasia e sem que se aperceba, volta a acordar. A dura realidade da vida tão curta como queiramos que ela seja!

CM
Outubro 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“Mundo Irreal”

Guerra desmedida, luta sem fim, que juntos enfrentamos em mundos irreais, num único mundo. Espadas afiadas, lanças de grande alcance, cavalgando na busca do desconhecido, em direcção à vitória, perante os nossos olhos.
Compromisso e honra que nos une, no imaginário que criamos e com o qual nos identificamos. Identificação essa que chega a doer… Doi de forma doce e penetrante, como insígnias que espetam no coração e fazem dilatar, palpitar e despertar, numa ânsia terrível demais. É um desejo tão profundo de querer levar aquele prazer ao clímax… É uma busca desesperada de sentir, de chegar, de ter e possuir num desejo desenfreado…
Subtileza de palavras e esquemas impossíveis de realizar, são aquilo que vamos projectando, num mundo só nosso, que ninguém consegue alcançar com a inteligência que nos absorve e consome as entranhas e nos pede mais, quando sabemos que é proibido.
Torneámos os instintos como podemos e sabemos, conseguindo desta forma suster um anseio cada vez maior em unificar uma coisa que desconhecemos realmente.
Afastamos palavras e unimos desejos, num mistério que nos envolve e que nos leva para além da imaginação.
Acordados novamente para a guerra, vamos tentando planear estratégias e investidas nos inimigos que nos rodeiam. São implacáveis e não nos deixam viajar no surreal que criamos à parte de um mundo de sangue que jorra para todo o lado. Impávidos ao que se passa, embarcamos noutro barco, que nos afasta e nos une, onde passamos invisíveis a quem nos vê.
Atentos a cada palavra escrita, a cada gesto imaginado, no descrever das letras, focamos e invocamos no outro aquilo que outros não nos deixam ser. Perdidos e absortos do que nos circunda, percorremos cada pormenor um do outro, na face da nossa fantasia, sempre na demanda de mais.
Desejo ardente que invade cada centímetro dos nossos corpos e pensamentos, cada vez mais tórrido e insuportável de conter nas palavras… Até onde iremos chegar!!?..
CM
Outubro 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

“Tacteando em volta da vida”

Sozinha na noite, tacteando em volta da vida, persisto em fazer tocar uma música esquecida no tempo.
Pequenos acordes que com subtileza me fazem caminhar, ouvem-se no ar… Num som extremamente subtil, deixando transparecer toda a sua essência, que incendeia quem os saiba ouvir…
Imperceptível a uns, mas muito clarificadora para outros, assim é o caminho para o qual nos guia.
Abandonada, perdida e esquecida do mundo, absorvida por ela, esperando que me receba, me envolva e me faça despertar para aquilo que o meu pequeno encéfalo obscuro insiste em não me dar a conhecer, estou sozinha na noite.
A atmosfera envolvente encontra-se nitidamente debaixo de uma escuridão patente e avassaladora, que afoga tudo em seu redor.
Com pequenos e finos gestos o meu corpo tenta encontrar algo na cegueira que me encontro. O vazio parece não ter fim, o abismo parece que está em todo o lado para que me viro. A profundidade deste negrume é de tal forma penetrante que o meu corpo sente-se atraído por ela, como uma maldição se tratasse.
Sinto-me observada por olhos obscuros da noite que me dominam e me guiam para satisfazer os seus desejos mais profundos e sombrios. A aragem ácida que me esfarrapa a face faz-me adivinhar que estão próximos, prontos a devorarem-me pedaços de carne.
Na minha obsolência ignoro tal dureza e limito-me a viver.


CM
Setembro 2009

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