Sozinha na noite, tacteando em volta da vida, persisto em fazer tocar uma música esquecida no tempo.
Pequenos acordes que com subtileza me fazem caminhar, ouvem-se no ar… Num som extremamente subtil, deixando transparecer toda a sua essência, que incendeia quem os saiba ouvir…
Imperceptível a uns, mas muito clarificadora para outros, assim é o caminho para o qual nos guia.
Abandonada, perdida e esquecida do mundo, absorvida por ela, esperando que me receba, me envolva e me faça despertar para aquilo que o meu pequeno encéfalo obscuro insiste em não me dar a conhecer, estou sozinha na noite.
A atmosfera envolvente encontra-se nitidamente debaixo de uma escuridão patente e avassaladora, que afoga tudo em seu redor.
Com pequenos e finos gestos o meu corpo tenta encontrar algo na cegueira que me encontro. O vazio parece não ter fim, o abismo parece que está em todo o lado para que me viro. A profundidade deste negrume é de tal forma penetrante que o meu corpo sente-se atraído por ela, como uma maldição se tratasse.
Sinto-me observada por olhos obscuros da noite que me dominam e me guiam para satisfazer os seus desejos mais profundos e sombrios. A aragem ácida que me esfarrapa a face faz-me adivinhar que estão próximos, prontos a devorarem-me pedaços de carne.
Na minha obsolência ignoro tal dureza e limito-me a viver.
CM
Setembro 2009
1 comentário:
Muito melodioso... o post...
Tens de começar a colocar é positivismo nos post's, pois não deveriam faltar motivos para isso. Apesar de os 'maus momentos' proporcionarem bons textos, os textos positivos são sempre melhores.
k.D.
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