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Amarante, Portugal

domingo, 28 de setembro de 2008

"Nascer de mais uma noite"

Desassossegada e inquieta numa viagem que se prolonga no horizonte, a minha memória repassa imagens de vida descalça…
Alma ferida,
Alma trespassada, por um punhal invisível que nos dilacera à sua passagem e que tenta impor e buscar aí o reconforto de um amor distante, impossível de alcançar.
Vejo,
Revejo,
Torno a ver, e insisto numa busca perdida vislumbrar a essência do ser que sou…
A paisagem traduz-me um dourado de fim de dia e avizinha-me uma linda noite de prata … Ela espreita, numa ânsia de se mostrar bela e inalcançável como sempre !
Na penerosa viagem, vislumbro a negra amplitude de um ser que desconhecia…
Um rasto rubro é pintado no negro do alcatrão… E as valetas não são suficientes para o vencer…Escorrendo no sentido contrário ao que viajo, o sangue que transborda, pinta tudo o que deixo atrás de mim!
Penetrada numa imensa floresta de animais ferozes que buscam a minha última gota, sinto-me impotente e amarrada para alcançar a vida!
Corda de espinhos que me estrangulas o encéfalo e não me deixas ir mais além…
Não me deixas ser o que era, sonhar o que sonhava e viver o que sou!
Corpo tórpido, inútil e denegrido pelo tempo, resvala de podridão e acarinha com doçura a perenidade do ser em que me tornei.
Doce veneno que se introduz na minha mente a cada dia que passa, numa ânsia brusca e apetecível, na busca de mais uma mortalha…
Viagem infernal, na qual não se vê fim à vista, e na qual a imagem que se retém de fim de dia, é isso mesmo, o fim de mais um dia e o nascer de mais uma noite!

CM
Setembro de 2008

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