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Amarante, Portugal

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Um Último Suspiro

No limiar de um abismo, pendente numa fronteira sem final, encontra-se uma alma perdida, na entrada do inferno.
Fogo incandescente que derrete a pele, numa insensibilidade transparente e que consome tudo à sua passagem. É este elemento da natureza que possui uma força devastadora, que é capaz de desmoronar uma vida. Vida essa, agora, miserável e insignificante, que não dá a si razões para respirar.
Coração que bate, na dificuldade que tem em continuar a manter este corpo morto, vivo!
Estilhaçado por punhais de um frio metal, que queima à sua passagem, envolve-se na guerra sangrenta de querer morrer.
Lutando por uma vida que não é sua, sente que o lema da morte é o paraíso da sua existência. Numa imensidão negra de obstáculos da vida, prepara-se para o seu fim.
Por entre túmulos e sarcófago, mumifica-se do mundo.
Enclausurada naquele espaço fechado, não vê e não quer ver a ressurreição da vida. Ainda com o corpo marcado, com cicatrizes profundas e inalteráveis, ali permanece estática à espera de um último suspiro.
Rios de sangue correm numa face, árdua e vulnerável, sem se conseguir esconder. O sofrimento infiltrado nas entranhas do corpo dilacera tudo no seu interior, a dor apodera-se de tudo e torna-se uma anestesia para a vida.
É com essa anestesia que os dias passam e andam, vão e vêm, num ciclo que não termina, e numa vida que insiste em continuar a respirar!
Num caminho de óleo queimado, ainda quente da sua combustão, o morto corpo caminha, na busca de um último suspiro!

CM
Janeiro 2008

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