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Amarante, Portugal

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“Amanha conto-te o resto”

No limiar de conhecer o que já irrealmente conheço e tão irremediavelmente adoro, desperto as pupilas que não se fecham há dias no ensejo incandescente desse conhecimento.
A ténue neblina da manhã, esconde o morto despertar de uma manhã calma e afagada de Outono. O doce cheiro a orvalho pela manhã estimula a fina cútis que cobre cada pedacinho do meu corpo, elevando os pensamentos para o que me espera.
As dolorosas horas do dia parecem intermináveis para a busca de uma tão almejada noite.
A ansiedade e o aperto no estômago, como uma criança que tem medo do primeiro dia de escola são cada vez mais patentes a cada milésimo de segundo que passa, a cada pulsação, a cada bater do coração…
Embrenhada já na escura e tenebrosa noite que se abate, não consigo deixar de pensar como a mesma pode vir a terminar. A escuridão e precipício que se abate á minha volta torna-se indiferente perante um desconhecido maior.
O rolar dos rolamentos robustos no alcatrão negro e sombrio daquele caminho, tornam-se sons estridentes no aproximar do fim…
Já não consigo controlar o flagício que me absorve perante o que me aguarda. A aproximação e conhecimento são inevitáveis, já não há como retroceder.
O que tanto cobiçamos finalmente aconteceu… Os nossos corpos, cheiros, olhares e toques trocaram-se e depararam-se. A doce e gélida brisa transpôs-nos os rostos e levou-nos com ela numa subtileza pacífica, numa naturalidade assustadora de conhecimento profundo e alegria desmedida.
O traçado de cada minuto era um gracejo de ambos, com a empatia causada, e o aperceber de que cada palavra antes trocada tinha razão de ser…
A profundidade da noite e a envolvência de tudo, adoçava ainda mais a magnificência daquele ensejo. Esquecendo-me da aragem que enregelava o meu corpo, perdi-me por muitos momentos no teu doce e felino olhar, de uma forma avassaladora de um puro desejo que me queimava cada víscera do meu ser, não conseguindo deixar de beber cada palavra, cada gesto, cada som, que tão deliciosamente debitavas.
A profundidade do momento não me conseguia deixar ver a nitidez dos teus desejos e dos teus anseios. Loucura de uma selvajaria nos doces olhares de felino…
A relevância de uma coisa que mal conhecemos é difícil de explicar e de se perceber, muitas vezes causadores de paragens que não pretendemos na realidade.
A dura realidade de fim de tempo aproximava-se a cada segundo e a dificuldade de ir embora era cada vez maior…
O respirar de cada palavra, o desejo ardente de mais e o tórrido olhar de felino encriptava-me ainda mais…

Amanhã conto-te o resto…

CM
Novembro 2009

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