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Amarante, Portugal

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Linda"

Envolta na neblina da noite negra que se abate no horizonte, segues-me e guias-me em mais uma caminhada angustiante e tenebrosa que faço até ao meu cubículo, ao qual tenho a vesânia e respeito de chamar casa.
Imersa numa profundidade de luz sobre o negro das trevas, encandeias as pequenas órbitas cintilantes que brilham no reflexo da tua luz.
Hipnotiza-as e fá-las estimular para um mundo absorvido pelo pensamento de um transeunte que insiste em sonhar que há estrelas no mar e água no céu…
Atenta a cada passo meu, não descolas desse painel pintado no céu, fazendo lembrar uma verdadeira tela saída do imaginário infindável de um qualquer artista.
O cerração que te envolve, torna-te maior e com poder de conseguir alcançar tudo o que te rodeia. A neblina torna-te mais misteriosa e intrigante a quem ousa olhar-te. Parece que inocentemente a rasgas por dentro, entranhando nas suas vísceras o poder da tua luz que imerge através dela.
Farrapos que caem em mim e se colam no meu corpo e derretem como ácido, que se vai infiltrando na epiderme a cada segundo que passa. A pele fervilha e derrete perante tal toque, que se sente impotente com tamanha grandiosidade. Sem conseguir evitar o ácido que fere e corrói o corpo, deixo-me ir…
A luz é cada vez mais intensa e a escuridão que te envolve é cada vez mais dúbia. A negra neblina da noite parece a cada segundo que cessa, mais presente. Sem vontade de lutar, as pequenas células que ainda respiram, são puxadas para a cegueira de tamanha luminosidade.
Com o corpo quase trespassado pelos farrapos e numa forma de subjugação submeto-me a ti, cansada, exausta e vencida, por tamanha impetuosidade … levas-me contigo, mártir da noite, vilão da escuridão.
Tempo depois, ainda existem gotas de sangue que escorrem ali naquele local, onde o meu corpo ficou mórbido e imóvel, sob os pingos da chuva que faz com que esse alimento se espalhe naquela terra infértil, sedenta de apetite…O meu sangue é um deleite para tamanha fome…
Negra neblina da noite que me libertaste e me levaste contigo, apaga esses vestígios visíveis a quem os consegue ver.
Como aço gélido que queima a quem ousa olhá-la desaparece inexplicavelmente, e eu com ela!

CM
Novembro 2009

1 comentário:

D disse...

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