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Amarante, Portugal

sexta-feira, 14 de março de 2008

"Orquídeas Negras de Outono"

A notícia chegou como um furacão, num dia de tempestade, trazida por batidas de gritos e murmúrios perturbadores. Cada palavra espetava no meu corpo uma espada de dois gumes… a incerteza da realidade e a própria realidade, esbatida ali naquele momento, como um precipício sem fim…
A minha realidade deixou de o ser, empederni, não consegui reagir. O meu corpo ficou cravado ao chão, como se as raízes da profundeza da escuridão me tivessem apresado ali, sem me darem hipótese de ter vontade própria.
Deixei de ser eu….
A única coisa que transmitia movimento, eram as gotas de sangue, que brotavam dos meus olhos, feridos de dor e afogo. O chão negro reflectia no seu ser um fio vermelho, que se guiava num profundo sem fim. Cortinas negras surgiram diante das brechas de luz que ali ainda espreitavam tímidas, como o sol de Outono.
Quem diria que existiam orquídeas negras?
O corpo continuava cravado… O som das palavras que entoavam no corpo, propagavam-se como um veneno que se entranha nas veias, mortífero, sem antídoto eficaz…
De repente surgiu o silêncio, com o fechar da porta, esbaforida pelo vento da tempestade que se tinha abatido naquele lugar, por breves momentos intermináveis, perdidos no tempo. Percorria agora uma brisa gélida que acariciava o corpo com espinhos de rosas vermelhas pintadas pelas lágrimas.
O corpo descolou, sem força e frágil, arrastou-se, encharcado pela mágoa e tristeza, numa sofreguidão, como se tivesse correntes nos pés e o peso deste fosse tal, que era quase impossível vislumbrar e alcançar o conforto que lhe era merecido.
Orquídeas negras…quem diria…
Sonho real, da profana intempérie, que te abateste neste local! Descete mais fundo que o Inferno, não para ver o fogo que imana nesse local, mas para veres mais além o negrume que lá paira … de onde nunca mais sairás!
Pecadora Infernal!
E o corpo quase que se esparge no chão, sem forças e sem reacção. A cabeça quer avançar, mas com o coração trespassado por punhais, tem dificuldade em reagir… os batimentos são fracos, mal se ouvem naquele silêncio ensurdecedor. As lágrimas, essas não paravam, e o que era um fio, rapidamente se transformou no leito de um vale encoberto pelo sombrio arrepiar das suas árvores negras, que rebentam do seu fundo, sem fim e luz à vista.
Por fim, algo, que parecia inalcançável à partida, surgia agora, onde o corpo pudesse cair, sem fundo, só cair…
Devastado pelo cansaço de tal viagem tempestuosa, o corpo esfaimado de dor, pela morte, pelo fim…fica sem reacção…
Trash…pum…Toc…
Acordada pelo atroador barulho … acreditando ter sido um pesadelo, vislumbra em volta… o local continuava invadido por obscuras cores, tal como no seu sonho. Cansada, sem energia no seu corpo, apercebe-se …. A morte afinal tinha sido real … E volta a morrer, uma e mais uma e outra vez!
Orquídeas negras, afinal existem!



CM

Outubro 2004

2 comentários:

Anónimo disse...

antes de mais queria dizer que gostei muito...
mas agora quero-te dizer que a internet é so um meio de passagem de informação,para ficares mesmo celebre,e quem sabe ser estudada nos bancos da escola e admirada pelos grandes artistas tens de continuar a pintar e a escrever.
depois disso e para que fique na historia tens que escrever um livro e fazer uma exposição...

para aquilo de seja preciso aqui estou eu.muitos beijos jorge

Anónimo disse...

"divad" ?missa aivercse que é sebas aroga áj ... Ohnimac mob on siav que missa aunitnoc .oicini (er) uet etsen aicnêlfni ed odacob mu evit euq ohca e ,oicini mu met adiv an odut . . .

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