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Amarante, Portugal

domingo, 16 de março de 2008

"No fio fino do abismo"

Estou no vislumbrar do abismo, da profundidade oca, sem fim…
Questiono-me a mim mesma qual a razão da minha existência, do meu ser, se sou apunhalada uma e outra vez e mais uma, numa correria de facadas sem fim!
Qual a minha missão afinal?
O abismo parece tão real, tão profundo e tão próximo…dá vontade de ir ter com ele…
As pessoas são mesmo capazes de nos dilacerar a alma e tudo o que para nós podia ser a felicidade.
Na penumbra da noite este veneno que me percorre as veias e me faz delirar…delirar de dor e sofrimento. As lágrimas parecem agulhas afiadas no meu rosto...cortam e não mancham, vão e vêm…e…não param … Nesta noite escura confesso os meus mais sádicos pensamentos que me devassam a alma, que me apunhalam o coração.
Acreditei, confiei, perdi…
Perdi tudo o que havia a perder, não sei para quê a existência do meu ser … este corpo, esta forma, esta maneira de ser e ver as coisas, não é necessária à existência do ser humano… Para quê existir?
Para simplesmente ocupar mais um espaço vazio do universo, sem uma estrela a iluminar, perdida na escuridão!
O negrume da noite é a luz que me guia, é a estrela que me acompanha…
Esbatido pela indiferença, esses olhos negros que me trespassam a alma, me mutilam o corpo!
Embrulhada na sombra, a profundeza do Inferno é a única coisa que vislumbro…
O morfema que transmites é espadas que atravessam tudo … petrificadas na imensidão do esquecimento. Congelo com o bafo frio que dele sai, fico estagnada, sem reacção do corpo que ficou gélido pela aspereza nunca antes exibida.
As gotas de fel … continuam… e não param…
O coração, trespassado pelo punhal da arbitrariedade, sangra… são lágrimas de orvalho vermelho. O sussurrar do ninguém esbate nas paredes do quarto vazio e sem vida. A desilusão da mente é mais forte que a do corpo, engana-nos melhor, mas fere ainda mais. Isolada com a escuridão do céu negro sobre mim e mais nada…
Olhos negros, traidores da minha dor, que me invades o tempo, manténs-te impune, com a alegria suavizada na face!
Desmaiada pela cor da felicidade ilumino as trevas dos meus pensamentos que cada vez são mais enfermos!
Morte…
Óbito…
Fim…
Extinção…
Quão belas hão-de de ser… tentador procedimento do término sofrimento, fácil de processar e rápida solução da transparência insegura do ser humano.
Com orgulho profano, idolatro a tua existência!


CM


Fevereiro 2006

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